Aumentativo e Diminutivo: Muito Além do Tamanho- Graziela Forte

Aumentativo e Diminutivo: Muito Além do Tamanho
Você sabia que o Aumentativo e o Diminutivo expressam outros significados que não apenas o tamanho? Isso acontece devido ao tópico ser amplamente lexical (língua falada ou familiar), e apenas em parte aperfeiçoável por regras.
Para nós brasileiros a comunicação flui naturalmente, uma vez que somos capazes de reconhecer os códigos, os quais vamos analisar brevemente.
Um primeiro exemplo são os advérbios usados no Diminutivo, precedidos ou não das palavras tão, bem e muito, assim empregados para acentuar a recomendação (exemplos: andar bem/tão/muito devagarinho. Acordar cedinho). Vale lembrar que o uso do Aumentativo, nesse caso, também é possível, mas é menos comum (exemplos: vai depressão que eu estudo lonjão ou pertão).
     O mesmo fenômeno ocorre com os verbos empregados no Diminutivo, ou seja, eles também acentuam a recomendação (exemplos: dê uma lembradinha ou peça para ele dar uma ligadinha).
     Já os substantivos tanto no Aumentativo como no Diminutivo podem expressar afeto, carinho e são muito comuns, principalmente entre as mulheres (exemplos: meu benzinho equivale a meu benzão, assim como podemos dizer filhinho ou filhão).
     Ainda para denotar afeto, carinho fazemos uso do Diminutivo tanto para nomes de homens como de mulheres. Zezinho, Pedrinho, Carlinha, Aninha. Se um homem chama outro homem pelo Diminutivo do nome, provavelmente, é o pai falando com o filho, ou o avô com o neto, ou um amigo de infância. Há sempre exceções, como o jogador Ronaldinho que assim ficou conhecido por todos. Em geral, amigos da fase adulta preferem adotar o Aumentativo como Zezão, Pedrão, Carlão. Mas, nunca usamos o Aumentativo para os nomes femininos. Normalmente o uso do sufixo –ão não é possível, e se por ventura for empregado, soará como algo artificial, forçado, provavelmente com o intuito de qualificar a mulher como uma pessoa grande, pouco delicada, o que acaba ganhando um tom muito depreciativo e até mesmo rude.


     Outra forma comum é o uso de adjetivos precedidos ou não das palavras tão, bem, muito e mais, para intensificar ou enfatizar uma qualidade (exemplos: quietinho ou quietão; e geladinha, embora em alguns casos seja possível usar geladona, mas soa um tanto estranho; além de quentinho, enquanto que quentão não é usado com esse mesmo sentido, passando a designar a bebida típica das festas juninas).
     Deixamos para o fim a análise dos sentidos negativos. Se classificamos uma pessoa de bobinha ou bobona, não estamos fazendo diferença alguma, uma vez que tanto no Diminutivo como no Aumentativo há a conotação de desprezo ou crítica, assim como os termos vidinha e povinho. No entanto, quando os passamos para o Aumentativo, ganham outros significados: vidão é vida muito boa, enquanto que povão é muita gente burra, rala, manipulável.

Professora Graziela Naclério Forte

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